Se você já conhece Buenos Aires de outros carnavais ou gosta de misturar passeios menos turísticos ao seu roteiro, Almagro é para você. Um dos bairros mais tradicionais da classe média portenha, é uma região bastante residencial que esconde algumas pérolas, principalmente relacionadas ao tango.

Neste bairro foi construída a primeira estação de trem do país, que funcionou por 30 anos. Na época, esta área de veraneio era repleta de quintas e recebeu também um dos primeiros tranvias (bondes) da cidade. Mas foi quando a febre amarela assolou o centro de Buenos Aires que muitos portenhos de classe alta se mudaram definitivamente para as suas chácaras e transformaram Almagro pra sempre.

Para chegar até o bairro, você tem algumas opções. Se o seu destino estiver próximo à Avenida Corrientes, é conveniente descer na Estação Medrano da Linha B. Mas se estiver mais próximo à Avenida Rivadavia, a melhor opção é a estação Castro Barros, da Linha A. Em ambas avenidas existem, também inúmeras opções de ônibus e as linhas 128, 151 e 168 passam por diferentes partes do bairro de Palermo, por exemplo, e levam você até a Avenida Medrano, uma das mais importantes do bairro.

Por estas ruas e bares circularam muitos grandes nomes do tango e Almagro tem o privilegio de ser o primeiro cenário de um dos cantores mais famosos da historia: Carlos Gardel. Além de ter sido aluno de um dos colégios mais tradicionais da região e ter participado do coral da instituição, dizem que no início de sua carreira, Gardel costumava cantar em um bar da Avenida Rivadavia, uma das principais do bairro, junto com seu companheiro Negro Congo. Gardel cantava algumas canções e Congo passava o chapéu para arrecadar algumas moedas para os dois.

Algo muito semelhante ao que ainda acontece no mítico bar El Boliche de Roberto. Inaugurado em 1893, o lugar já mudou algumas vezes de nome, mas mantém a estética e o espírito originais. Pequeno e tradicional, esse é o ponto de encontro da velha-guarda do tango com a juventude tanguera. Muitos nomes famosos começaram sua trajetória no palquinho de um metro quadrado do El Boliche de Roberto. É importante chegar cedo, porque o lugar lota, mas vale muito a pena.

Se você quiser se arriscar a aprender seus primeiros passos de tango, bem pertinho daí se encontra o La Catedral, um galpão enorme e histórico, que já teve diversos usos até abrigar esta espécie de centro cultural/galeria de arte. Pagando o ingresso com a aula, eles ensinam a bailar tango por uma horinha e depois todo mundo dança junto, o que é conhecido por aqui como milonga. Mas você pode só olhar também, basta comprar a entrada sem a aula. O lugar oferece comes e bebes, mas atenção que o cardápio é vegetariano, ok?

Ainda na vida noturna do bairro, Almagro tem alguns bares bem bacanas, com uma onda muito mais local que os bares de Palermo. A Casona de Humauaca, o Ladran Sancho e o La Vieja Guarida são alguns bons exemplos de lugares onde você pode tomar uma boa cerveja ou o queridinho dos argentinos, o Fernet-Cola, a um preço bastante honesto.

O bairro também abriga uma das confeitarias mais tradicionais e lindas de Buenos Aires. Inaugurada em 1884, a Las Violetas foi ponto de encontro de artistas, escritores e políticos da época. Você pode sentar e fazer uma refeição – inclusive eles oferecem uma hora do chá bem abundante em comida – ou comprar uma guloseima pra levar pra casa.

Ou pro parque! No bairro vizinho, bem pertinho, está o Parque Centenario, uma grande área verde para você fazer um piquenique relaxado e se sentir como os locais. O lugar tem um anfiteatro que apresenta programações variadas, além de um enorme lago e o Museo de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia. Durante os finais de semana, como muitos parque e praças de Buenos Aires, o Parque Centenario também tem uma feirinha pra chamar de sua, onde você encontra de tudo, desde lembranças de viagem, até livros e vinis que são verdadeiras relíquias.